Mulheres à margem: o silenciamento de escritoras em livros didáticos

Abstract

RESUMO: Este estudo, conduzido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Vitória, com foco na Formação de Professores em Ensino de Humanidades e na linha temática Literatura e Linguagem, teve como objetivo analisar o silenciamento de escritoras em livros didáticos e investigar os fatores que contribuem para essa omissão, além de buscar promover a igualdade de gênero ao incluir escritoras negligenciadas no estudo historiográfico da literatura. Para tanto, realizamos uma revisão bibliográfica sobre gênero e produção de autoria feminina, com base nas considerações de Duarte, Telles, Muzart, Dalcastagnè, além de recorrermos ao pensamento de Ricoeur sobre memória e às reflexões de Ginzburg e Schmidt sobre cânone e exclusão, assim como aos conceitos de Orlandi, Spivak e Perrot sobre políticas de silenciamento, subalternização e silêncio histórico das fontes. A incursão metodológica desta pesquisa, que evidenciou o silenciamento de escritoras nos livros didáticos examinados, foi realizada em três etapas, a saber: 1) uma análise detalhada de duas coleções didáticas recomendadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD/2018) – Português contemporâneo: diálogo, reflexão e uso (2016), de Willian Cereja, Carolina Dias Vianna e Christiane Damien, e Veredas da Palavra (2016), de Roberta Hernandes e Vima Lia Martin; 2) exposição dos dados por meio da Análise de Conteúdo nos capítulos teóricos; e 3) oferta e validação do curso de extensão “O silenciamento de escritoras em livros didáticos”, que teve como público-alvo discentes dos cursos de licenciatura em Letras e professoras(es) de Língua Portuguesa, com o objetivo de estimular a formação e o debate sobre o silenciamento de escritoras nos livros didáticos e no cânone literário brasileiro.