O gênero diário como expressão emocional: um incentivo à prática da escrita

Bastos, Gilda de Almeida (2021)

dissertação de mestrado

RESUMO: Os alunos dos anos finais do ensino fundamental, geralmente, parecem não gostar de escrever os gêneros propostos pela escola, e uma das principais queixas é o fato de que a maioria dos textos exige um grau de formalidade maior para serem escritos do que narrativas simples, tipo de gênero com o qual os estudantes parecem ter mais afinidade. Desse contexto, surgiu o interesse em pesquisar se a escrita de um tipo de narrativa mais pessoal, em que o aluno tenha a oportunidade de falar de si mesmo, de seus sentimentos e desejos, pode despertar o gosto pela escrita. Assim, foi escolhido o gênero diário para desenvolver esta pesquisa. Para estruturar a base teórica, foram utilizados: os estudos sobre gênero de Bakhtin (2011) e Marcuschi (2008); uma análise sobre a escrita íntima em diário de Lejeune (2014); uma reflexão sobre o ensino de produção textual no contexto escolar de Guedes (2009) e Ferrarezi Júnior e Carvalho (2015); e considerações sobre produção escrita no documento oficial norteador do ensino de língua materna, a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018). A pesquisa é do tipo qualitativa com algumas particularidades da pesquisa-ação e da pesquisa participante, e, para a coleta de informações e análise de dados, foram aplicados questionários aos participantes da pesquisa. Também foi desenvolvida uma sequência didática sobre a escrita no gênero diário de acordo com os estudos de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), como ferramenta de intervenção. Os resultados apontaram que a escrita de narrativas sobre si mesmo desperta no aluno o gosto de escrever pelo fato de que esse tipo de escrita lhe permite, ao mesmo tempo, refletir amplamente sobre o que sente e avaliar suas emoções (LEJEUNE, 2014).