As Representações Sociais dos Educadores dos Centros Familiares de Formação em Alternância sobre Agroecologia

Siqueira, Leonardo (2020-12-11)

tese_doutorado

Esta tese analisou as formas de pensar, sentir e agir dos educadores dos Centros Familiares de Formação em Alternância (Ceffas) em relação à agroecologia, a partir da Teoria das Representações Sociais. Para tanto, foram colocados em evidência os processos geradores das Representações Sociais – ancoragem e objetivação – e apontados os elementos que pressionam os sujeitos à inferência. Com relação ao objeto de pesquisa, havia um pressuposto inicial da existência de uma tensão nos educadores entre a agroecologia e o sistema convencional agrícola, o agronegócio. Para embasar este estudo foi construído um referencial teórico a respeito dos Ceffas e da agroecologia, no qual foi delineada a trajetória de nascimento, no contexto brasileiro, no contexto capixaba e, posteriormente, no norte do estado do Espírito Santo, locais desta pesquisa. A abordagem metodológica que se adotou foi de base qualitativa, os dados foram coletados a partir de questionários estruturados e entrevistas narrativas. O grupo amostral foi composto por educadores dos Ceffas do norte do estado do Espírito Santo, sendo analisados 65 questionários e 18 entrevistas narrativas. Os questionários estruturados serviram para traçar o perfil dos educadores e as entrevistas narrativas para dispor dos processos de constituição das Representações Sociais. As entrevistas narrativas foram submetidas à análise de conteúdo a partir das categorias: trajetórias, pressão à inferência e práticas. Os resultados apontaram para Representações Sociais dos educadores sobre agroecologia em três ênfases: (1) Representações Sociais de agroecologia na ênfase técnica, com 33% dos educadores entrevistados; (2) Representações Sociais de agroecologia na ênfase técnica e pedagógica, com 39% dos educadores entrevistados; e (3) Representações Sociais de agroecologia na ênfase técnica, pedagógica e movimento, com 28% dos educadores entrevistados. Com relação ao agronegócio, que foi o elemento principal do problema de pesquisa, este foi apontado por 83% dos educadores como algo que os pressionava à inferência. A ancoragem e a objetivação aparecem de forma evidente na análise, sendo que a ancoragem foi apresentada como os suportes do sujeito, enquanto a objetivação apresentou-se como corpo esclarecedor do objeto, quando o sujeito é capaz de materializar os conteúdos antes abstratos. Demonstramos também em nossos achados que uma ancoragem pode ter várias objetivações. Sobre os movimentos representacionais, encontramos três tipos: o primeiro movimento formado por educadores que mantiveram suas Representações Sociais desde que ingressaram no Ceffa; o segundo formado pelos educadores que estão em desequilíbrio com suas representações mediante a sua vivência no contexto do Ceffa; e o terceiro formado por educadores que reelaboraram suas representações, constituindo novas Representações Sociais a respeito da agroecologia. Assim, a partir da análise da Teoria das Representações Sociais foi possível reconhecer os conflitos presentes no contexto desses sujeitos e como esta contribuiu para a elucidação do problema de pesquisa proposto.


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