Corpo como potência educativa : experimentações artísticas com a comunidade do Território do Bem em Vitória - ES
dissertação de mestrado
RESUMO: Nas concepções ocidentais, desde pelo menos a Modernidade, ressoa um entendimento de corpo como algo restrito ao biológico, fragmentado, limitado, separado da mente e inferior a ela. No entanto, filósofos como Baruch de Espinosa e Gilles Deleuze mostram que não sabemos do que o corpo é capaz. Sob a ótica de que corpo é potência de afetar e ser afetado, esta pesquisa buscou experimentar, por meio da arte, o que pode um corpo em contexto educativo. Assim, realizamos oficinas artísticas de diversas frentes – de criatividade, de colagens, de zine, de expressão corporal, entre outras, acompanhadas por artistas convidados – no Ponto de Cultura Varal Agência de Comunicação, localizado em Itararé, Vitória – Espírito Santo. Ali reunimos pessoas interessadas nessa experimentação, dando prioridade aos moradores da região Poligonal 1 de Vitória, conhecida como Território do Bem. Sabemos que no capitalismo contemporâneo ainda tenta-se dominar o corpo, moldando formas de vida fixas e enrijecidas, mas as fugas acontecem. Por isso, movidos pelos encontros, exercitamos uma prática educativa que pretendeu traçar resistências: apostamos na arte para ensejar outros modos de viver baseados em compor alianças. Essa nova forma de vida é da ordem da criatividade, do afeto e do comum. Um dos resultados da pesquisa foi a elaboração coletiva do produto educativo no formato zine, uma espécie de livreto, um registro das produções artísticas dos participantes da pesquisa que foram feitas durante as oficinas, e também das lições que aprendidas nelas – com a função de ser uma inspiração, ou melhor, um convite para que práticas educativas afirmativas se multipliquem.
ABSTRACT: Amongst the occidental conceptions, since at least Modernity, resonates an understanding of the body as something restricted to the biological factor, fragmented, limited, separated from the mind and inferior to it. However, philosophers such as Baruch de Espinosa and Gilles Deleuze show that we don't know what the body is capable of. From the perspective that the body is the power to affect and be affected, this research sought to experiment, through art, what a body in an educational context can do. Therefore, we held workshops with different art areas – creativity; collages; zine; of body expression, among others, accompanied by guest artists – at Ponto de Cultura Varal Agência de Comunicação, located in Itararé, Vitória – Espíriso Santo. There we gathered people interested in this experimentation, giving priority to the dwellers of the Poligonal 1 region of Vitória, known as Território do Bem. We know that in contemporary capitalism, there is an attempt to dominate the body, forcing fixed and rigid life forms. But escapes happen, and for that reason, moved by encounters, we exercised an educative practice that intended to create resistance: we chose art as a mean to give rise to other ways of living based on composing alliances. This new way of life is intertwined with creativity, affection and the common. One of the research results was the collective elaboration of the educational product in zine format, which is an kind of booklet that we used to gather the artistic productions made during the workshops by the participants, and also the lessons we learned from them – with the purpose of being an inspiration, actually, an invitation to multiply affirmative educational practices.
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