Cultura imaterial e diversidade étnico-racial da Serra na formação docente : pelos caminhos do Congo e da Folia de Reis
dissertação de mestrado
RESUMO: As constituições socioculturais brasileiras foram norteadas pelas desigualdades geradas a partir do processo colonizador, e ratificadas dentro do sistema capitalista, privilegiando a cultura eurocêntrica, invisibilizando as contribuições dos ameríndios e afro-brasileiros. As culturas imateriais oriundas desses povos foram notoriamente, alijadas e detratadas. Esse contexto perpassa o cotidiano escolar, que se vê envolto a esses “modelos culturais”, que possivelmente vem reproduzindo racismos, preconceitos e exclusões sociais. Esse panorama adverso amparou o lócus dessa pesquisa, que ocorreu no município da Serra-ES, onde a maioria da população é afrodescendente e a escola torna-se um campo de tensões culturais, sociais e étnicas. Realizamos assim, um estudo com foco na cultura imaterial da Serra na formação de professores, por meio das expressões culturais do Congo e da Folia de Reis no município. Procuramos fazer emergir, a possível herança afrodescendente presente nessas expressões culturais, com propósito de incentivar novas práxis, ligadas ao reconhecimento dessas culturas e ao ensino das relações étnico-raciais na escola, potencializando os movimentos com a memória e pertencimento dos sujeitos. No percurso metodológico priorizamos a Pesquisa Participante em Paulo Freire (1987) e Brandão (1977), considerando a relevância de suas pesquisas, dentro das perspectivas educacionais e antropológicas, alicerçadas em contribuições coletivas. Na intenção de apreender nossa pesquisa, perscrutamos as vozes dos sujeitos em Nova Almeida-Serra, onde analisamos suas produções, nas culturas do Congo e da Folia de Reis, seus gestos e relatos foram valiosos para esse estudo. Outro momento relevante ocorreu em um Curso de Extensão, desenvolvido com professores dos Anos Iniciais da Serra, onde forjamos um diálogo colaborativo, valorizando as experiências coletivas. As narrativas docentes concernentes ás práticas com a cultura imaterial, apontaram para escassez de trabalhos com a diversidade étnica e cultural, em suas formações. Esse fator, tem resultado em uma raridade de práticas de ensino com a temática na escola e na desvalorização da cultura imaterial de origem popular. Os estudos teóricos aliados ás narrativas dos sujeitos, evidenciaram que essa realidade reproduz preconceitos e racismos no ambiente escolar, havendo a necessidade de transcender essas ações. As práticas formativas foram essenciais, oportunizando novas reflexões ao coletivo docente, ampliando o movimento para transfigurações das práxis com a diversidade étnico-cultural.
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