Narrativas de professoras de matemática sobre abuso sexual e os reflexos em suas vivências de sala de aula: o mundo secreto de Coraline
dissertacao_mestrado
Ao considerar os melindres e a falta de debates no âmbito escolar acerca do abuso sexual, este trabalho objetivou discutir sobre as narrativas de professoras de Matemática vítimas abuso sexual na infância e os reflexos em suas vivências de sala de aula. Para tanto, o trabalho identificou os impactos dos abusos sofridos por duas professoras de Matemática na constituição de suas subjetividades; refletiu sobre as consequências desses abusos na prática pedagógica das professoras em questão e debateu possíveis abordagens sobre o tema em aulas de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental. A pesquisa é de natureza qualitativa, e adotou como formas de produção de dados entrevistas e conversas informais com as interlocutoras da pesquisa, que são duas professoras de Matemática que atuam nos anos finais do Ensino Fundamental. A fim de amparar o trabalho do ponto de vista teórico, mobilizamos estudos direcionados às áreas de gênero, sexualidade e subjetividade de Michel Foucault e Judith Butler, além de Guacira Lopes Louro no que tange a gênero, sexualidade e educação, e de Cristiane Sanderson, para discutir abuso sexual. Alicerçou-se, ainda, nos estudos de Ole Skovsmose e Ubiratan D’Ambrosio no que se refere à Educação Matemática e sua prática para a justiça social. Os dados produzidos mostraram que o abuso sexual vivenciado na infância por professoras de Matemática influenciou em suas vivências de sala de aula, particularmente no tocante à sua prevenção, embora nem todas a coloquem em prática. No decorrer da pesquisa, foi elaborado um caderno de possibilidades pedagógicas como produto educacional. Esse caderno objetiva orientar o professor de Matemática em suas aulas, fornecendo ações preventivas para lidar com sinais de abuso sexual, muitas vezes silenciado e não discutido. Palavras-chave: violência sexual; sexualidade infantil; práticas pedagógicas; educação matemática inclusiva.
Considering the delicacies and lack of debates in the school context regarding sexual abuse, this study aims to discuss pedagogical practices in Mathematics classes on sexual abuse based on reports and experiences of female teachers in the subject, who were abused in childhood. To this end, the work identifies the impacts of the abuses suffered by Mathematics teachers on their subjectivities; reflects on the consequences of these abuses on the pedagogical practice of the teachers in question and debates possible approaches to the topic in Mathematics classes of the Final Years of Elementary Education. In these terms, the research is qualitative in nature and adopts interviews and informal conversations with the research interlocutors, who are two Mathematics teachers working in the Final Years of Elementary Education, as methods of data production. To support the work from a theoretical viewpoint, we mobilize studies focused on the areas of gender, sexuality, and subjectivity, such as Michel Foucault and Judith Butler, in addition to Guacira Lopes Louro concerning gender, sexuality, and education, while we also draw upon Cristiane Sanderson to discuss sexual abuse and utilize Ole Skovsmose and Ubiratan D’Ambrósio regarding Mathematical Education and its practice for social justice. The data show that sexual abuse experienced in childhood by Mathematics teachers can influence their practices, particularly regarding its prevention, although not all of them put it into practice. Given the findings, it was possible to develop a notebook of pedagogical possibilities as an educational product. This notebook aims to guide the teacher in their classes, providing preventive actions to deal with signs of sexual abuse, which is often silenced and not discussed. Keywords: sexual abuse. child sexuality. pedagogical practices. inclusive mathematics education.
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