Gel fitoterápico a base de óleo essencial no tratamento da mastite bovina
dissertacao_mestrado
O leite e seus derivados constituem um grupo de alimentos com grande valor nutricional para a manutenção de uma vida saudável. No entanto, a qualidade do leite ainda é um problema por conta das pontuais deficiências que ainda afetam a matéria-prima. Os altos índices de mastite no rebanho são destaque no cenário atual, impactando diretamente a economia do país com gastos relacionados ao atendimento veterinário, medicamentos e descarte de leite e animais. Os tratamentos mais comuns e diretos para a mastite são baseados na infusão intramamária com agentes antimicrobianos, entretanto, a utilização dessas drogas pode não trazer o efeito esperado, se tornando um agravante a seleção e resistência de microrganismos, além da geração de efeito residual no leite do animal, colocando em risco a saúde do consumidor, e fazendo com que a procura por métodos alternativos, eficazes e seguros para a saúde do animal e humana se tornem sempre pauta de discussões, como o uso de compostos naturais derivados de vegetais para o controle da doença em bovinos leiteiros. Dessa forma, o objetivo geral deste estudo foi avaliar a potencialidade in vitro de óleos essenciais sobre o microrganismo Staphylococcus aureus, aplicando posteriormente in vivo um gel fitoterápico a base de óleo essencial para controle da mastite subclínica em bovinos leiteiros. Foram selecionados a partir da literatura 5 óleos essenciais de plantas diferentes. Os óleos essenciais de Melaleuca (Melaleuca alternifolia), Orégano (Origanum vulgare), Cravo-da-índia (Syzygium aromaticum), Goiaba (Psidium guajava) e Folha de canela (Cinnamomum sp.) foram avaliados in vitro, pelo método de disco-difusão, para a determinação da susceptibilidade bacteriana do microrganismo padrão S. aureus (ATCC 25923).Todos os óleos essenciais passaram por uma avaliação em modelo triplicata, em diferentes concentrações (mg/disco), a fim de comparar e avaliar a susceptibilidade bacteriana no controle do crescimento do microrganismo S. aureus. Porém, o O. vulgare teve o resultado mais promissor, demonstrando maior atividade quando testado em menor concentração (2 mg/mL), com halos de até 24 mm, mantendo o seu potencial antibacteriano em diferentes concentrações, não se distanciando do valor inicial. Diante dessa característica, objetivou-se avaliar a ação antimicrobiana in vivo do O. vulgare no controle da mastite subclínica em bovinos leiteiros. Para o estudo, foram selecionados 24 quartos mamários divididos em três tratamentos que corresponderam às diferentes soluções intramamárias aplicadas duas vezes ao dia durante três dias. A presença de mastite foi confirmada pelo teste de CMT (California Mastitis Test) e o grau de mastite foi avaliado pelo teste de CCS (Contagem de Células Somáticas) e CBT (Contagem Bacteriana Total), além de ter sido feita a coleta sanguínea dos animais para a Contagem de Leucócitos Totais (CLT). Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente com auxílio do programa R (R, 2021). No caso da CCS, houve uma queda significativa no grupo dos animais tratados com o C+ (>1.000 x 10³ células/mL), diferente do grupo de animais tratados com OEO, que apresentou uma queda de 1.000 x 10³ células/mL da CCS em relação ao C-. Com relação à Contagem Bacteriana Total (CBT), o grupo de C- resultou em uma contagem bacteriana mais alta, enquanto o grupo de C+ foi eficaz na redução da CBT em relação aos outros grupos de tratamentos intramamários, mostrando uma queda acima de 30 x 10³ UFC/mL. Notavelmente na CLT o número do grupo de Controle+ foi o mais elevado, indicando uma possível carência no bem-estar dos animais envolvidos no experimento. O trabalho realizado conclui que a solução intramamária do óleo essencial de orégano essencial de orégano obteve resultados que futuramente podem torna-lo um possível tratamento da mastite subclínica em bovinos leiteiros. Porém, faz-se necessário novos estudos que levem em consideração diferentes variáveis, como: a concentração do OEO, a amostragem de animais, o período de uso intramamário e a possível reinfecção intramamária devido ao surgimento de microrganismos que sejam resistentes a antibioticoterapia atual.
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