Modelo conceitual para integração das gestões de recursos hídricos e agroflorestal utilizando modelo de sustentabilidade como estratégia
tese de doutorado
RESUMO: A gestão dos ecossistemas, particularmente, da água e da agrofloresta, pode ser abordada como sistema socioecológico (SSE) interdependente, com interações de extrema complexidade e de importância estratégica em escala global. A ciência e a política têm buscado formas de integrar SSE em prol do desenvolvimento equilibrado, justo e sustentável. Nesse sentido, a integração da Gestão de Recursos Hídricos (GRH) com a Agroflorestal (GAF) assume um papel relevante para superar práticas dispersas e a fragmentação dessas gestões, que comprometem o desenvolvimento sustentável de regiões. As abordagens sistêmicas, integradas e adaptativas são apontadas como alternativas para enfrentar esses desafios. Entretanto, ainda não foram definidos, de maneira suficiente, modelos ou métodos para integrar essas gestões no contexto citado. Diante disso, a presente pesquisa teve como objetivo desenvolver um modelo conceitual para a integração da GRH com a GAF, direcionado ao Desenvolvimento Sustentável; ou seja, um modelo de auxílio à Gestão Hidroagroflorestal, tomando-se o Modelo de Sustentabilidade (MS) como referência estratégica para sua construção. Nesse sentido, foi realizado: (1) aprofundamento teórico-conceitual, baseado em extensa revisão de literatura para apreensão de fatores relevantes que influenciam a GRH e a GAF, suas interações e análise de métodos de avaliação da sustentabilidade; (2) definição e aplicação de estratégias para a construção de modelo conceitual aplicados à GRH e à GAF; e (3) construção do Modelo de Avaliação de Sustentabilidade aplicado à Gestão Hidroagroflorestal (MASHAF). Assim, com a execução dessas atividades, foi possível: construir MS aplicados às gestões, constituídos por 52 fatores intervenientes de GRH e 49 fatores de GAF, respectivamente, guiados por atributos sistêmicos decorrentes de visão orientadora da sustentabilidade e por caracterização dos sistemas e de seus contextos, resultando na sistematização das estruturas conceituais por dimensões sociocultural, político-institucional, ambiental e econômica; além de, construir o MASHAF por meio de uma nova estrutura analítica de interação entre os objetivos, associados aos fatores relevantes do MS aplicado a cada gestão gerando um sistema hidroagroflorestal caracterizado e estruturado pela interação de 101 fatores da Gestão Hidroagroflorestal que afetam reciprocamente as gestões, e analisado pela matriz de influência mútua. A proposição do MS como referência estratégica para a integração intersetorial propiciou uma visão holística ao selecionar os fatores relevantes e promoveu embasamento técnico-científico alinhado aos preceitos do desenvolvimento sustentável. A análise dos resultados do MASHAF apontou a água como SSE integrador, e a agrofloresta como indutor do DSR. Desse modo, torna-se extremamente importante incentivar a implementação dos SAFs por serem potencialmente indutores de desenvolvimento sustentável, como evidenciaram Beyene et al. (2019), Froufe et al. (2020) e Elagib e Al-Saidi (2020). Em decorrência dos conhecimentos adquiridos, foram propostos os MS aplicados a ambas as gestões para avaliar se e como a implementação dessas gestões está contribuindo (está alinhada) ao desenvolvimento sustentável. Esses modelos foram basilares para a proposição do MASHAF e para subsidiar a integração hidroagroflorestal, apontando caminhos que estabeleçam objetivos comuns da Gestão Hidroagroflorestal e produzindo benefícios compartilhados e ganhos mútuos. Além disso, o MASHAF pode contribuir como uma ferramenta orientativa para melhores práticas de gestão, mais integradas e efetivas, direcionadas ao desenvolvimento sustentável de regiões.
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