Avaliação do uso do pó de café verde como coagulante natural na remoção de óleos minerais em águas

Abstract

RESUMO: A produção de café do Brasil representa cerca de um terço da produção mundial, resultando na geração de quantidades significativas de resíduos ao longo do seu processo produtivo. Dentre as diferentes etapas de processamento do café conilon, o processo de rebeneficiamento é o responsável pela geração do resíduo denominado pó de café verde, ou, GCP, do inglês Green Coffee Powder. Paralelamente ao desenvolvimento acelerado da agroindústria do café, percebe-se maior poluição dos corpos hídricos pelo despejo inadequado de efluentes oriundos de processos industriais, com destaque para aqueles atrelados ao uso indiscriminado do óleo mineral. Levando em consideração o potencial poluidor do óleo emulsionado em água, em razão de sua baixa degradabilidade, e os consequentes prejuízos à saúde humana, é de suma importância o aumento de esforços direcionados para o tratamento desses efluentes, focados na remoção de óleo com a aplicação de um tratamento físico-químico adicional. No âmbito da economia circular, o estudo proposto visou avaliar a viabilidade do uso do pó de café verde, gerado por uma agroindústria de rebeneficiamento de café conilon, como coagulante natural alternativo na remoção de óleos minerais em águas. Estudos prévios da caracterização físico-química do GCP, sinalizaram que o resíduo é constituído por uma estrutura lignocelulósica formada por polímeros aromáticos e policíclicos, em que a lignina (~23%) e a holocelulose (~65%) compõem mais de 87% em massa do composto, apresentando uma alta afinidade por substâncias apolares, podendo ser um grande aliado no tratamento de efluentes contendo poluentes hidrofóbicos. O coagulante foi produzido de duas formas diferentes: com a adição do agente ativo cloreto de sódio (NaCl) e em sua forma in natura. O coagulante em sua forma in natura apresentou resultados satisfatórios em comparação ao ativado quimicamente. Os ensaios de tratabilidade foram realizados em Jar test com a emulsão oleosa sintetizada em laboratório em concentrações conhecidas. A quantificação do teor de óleos e graxas (TOG) na emulsão, antes e após o tratamento com o GCP, foi realizada por colorimetria em espectrofotômetro UV/Vis. Os resultados obtidos indicaram que há um grande potencial de uso do resíduo GCP (1 g/L) como coagulante natural alternativo para o tratamento de efluentes oleosos, apresentando uma eficiência de até 71,88% na remoção de óleo emulsionado do efluente sintetizado na concentração avaliada.