A multimodalidade no livro didático de língua inglesa: diálogo entre a paisagem semiótica dos textos e as orientações direcionadas ao professor e ao aluno
tese_doutorado
Esta pesquisa parte da noção de que a aprendizagem da língua deve abarcar um viés plural, flexível, contextualizado e situado socio-historicamente, considerando as mais diversas linguagens e modos da paisagem semiótica contemporânea. Neste sentido, o livro didático, conceituado instrumento de apoio docente e aprendizagem discente, tem difundido textos em variados gêneros e modos, trazendo à baila a relevância da disposição espacial, da tipografia, cores, layouts diversificados e outros recursos. Por conseguinte, faz-se urgente refletir acerca dos textos constantes nesses materiais didáticos e vislumbrar como eles podem ser trabalhados nas salas de aula, objetivando reconhecer a multimodalidade textual e a diversidade linguística e cultural que os diversos contextos nos apresentam. Mediante tais aspectos, o presente estudo visa investigar os modos e recursos semióticos orquestrados na composição dos textos das seções de leitura de coleções de livros didáticos de língua inglesa do Ensino Médio utilizadas desde a década de 1980, na perspectiva da abordagem multimodal, a fim de demonstrar as mudanças propiciadas pela inserção de textos autênticos em diversos gêneros discursivos e de analisar o diálogo entre os diferentes modos, a construção de sentidos e contribuições no processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa. As análises foram fundamentadas principalmente nas reflexões acerca do ensino e do livro didático de língua inglesa (LEFFA, 1999; DIAS, 2006; DIAS; CRISTÓVÃO; 2009; CASSIANO, 2013), bem como nas contribuições dos estudos dos Letramentos (NEW LONDON GROUP, 1996; COPE; KALANTZIS, 2015; KALANTZIS et al., 2016; KALANTZIS; COPE; PINHEIRO, 2020), da Semiótica Social (HODGE; KRESS, 1988; VAN LEEUWEN, 2005), da multimodalidade e da Gramática do Design Visual (KRESS, VAN LEEUWEN [1996, 2006] 2021; KRESS, VAN LEEUWEN, 2001; KRESS, 2003; KRESS, 2010), no intuito de verificar como as diferentes semioses e linguagens no processo de significação são manifestadas e salientadas aos alunos e professores. A pesquisa tem caráter histórico, bibliográfico e abordagem qualitativa na apreciação das coleções didáticas selecionadas, contando ainda com análise qualitativa dos discursos de dois professores de inglês por meio de entrevistas semiestruturadas. Os resultados apontam para a constatação da evolução dos livros didáticos de língua inglesa no tocante à inserção e reconhecimento dos mais diversos modos e recursos semióticos nas páginas das seções de leitura dos livros analisados, muito embora ainda se faz necessária uma metalinguagem que integre diretamente essa multiplicidade de modos e semioses às atividades e orientações aos docentes e discentes, a fim de que o educandos e educadores não só identifiquem, como também se apropriem, interajam e produzam sentidos com e por meio deles. Ademais, as conclusões reforçam a necessidade de investimento em uma formação docente que reconheça a diversidade cultural e a multimodalidade textual, resultando em práticas voltadas a uma perspectiva que valorize e esclareça a importância da compreensão dos modos, recursos, culturas e linguagens no processo de construção de significado, em prol de um letramento multimodal que potencialize um processo de ensino-aprendizagem de inglês voltado à formação de alunos redesigners ativos de significados.
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