Alfabetização científica em espaços não formais de educação: o caso do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão

Galvão, André Benaquio (2022)

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Desde o século XVII, os museus foram considerados locais de guarda e de exposição de objetos antigos, testemunhos de tempos, lugares e memórias muito distantes da realidade de seus visitantes. A partir da década de 1980 houve um divisor de águas na relação entre instituições museológicas e público visitante, devido à compreensão de que, além do aspecto recreativo, elas também deveriam cumprir uma função educativa. Se a escola era pensada como lugar primordialmente voltado para a educação formal, os museus começaram a ser considerados locais importantes para a formação integral de pessoas, a partir de sua definição como espaço não formal de educação (ENFE). No caso dos museus de história natural e dos museus de ciências, começou-se a considerá-los espaços privilegiados para a divulgação e popularização dos conhecimentos científicos. A presente pesquisa buscou analisar a trajetória histórica do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML) como instituição museológica inicialmente criada como instituto de pesquisas biológicas (1949) que, com o passar dos anos, tornou-se um importante polo turístico do Espírito Santo e, mais recentemente, um ENFE com forte potencial para a alfabetização científica (AC). Para tanto, recorri a bibliografia especializada em museus, ENFE e AC, bem como a documentos de arquivo (fontes primárias), depositadas no Arquivo Augusto Ruschi (AAR), custodiado pelo Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). Além da discussão teórica e histórica a respeito desse tema, apoiei-me na ferramenta teórico-metodológica dos Indicadores de Alfabetização Científica (IAC), de Marandino e colaboradores (2018), a fim de avaliar a área física e expositiva do MBML. Foram identificados seis dos doze atributos que compõem os IAC, o que me permitiu concluir que, apesar do grande potencial de mobilização educacional e ambiental historicamente desenvolvido pelo MBML, é necessário melhor adequação e apresentação das informações, tornando-as mais visíveis e atraentes ao público. Por outro lado, explorar todo o potencial de AC desse ENFE não depende somente de adequação física e material, mas também de uma nova orientação didático-pedagógica para os recursos humanos formados e empregados nessas atividades, a fim de que o público possa interagir com a natureza, as edificações históricas e o conhecimento científico que o cerca, de modo a estimular seus sentidos, suas emoções, sua curiosidade, sua capacidade de interrogar o mundo e, quem sabe, de transformá-lo.


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