Literatura Migrante na França: a premiação de Chanson Douce, de Leïla Slimani, e de Petit Pays, de Gaël Faye, pela Academia Goncourt
tese_doutorado
RESUMO: Na presente tese analisa-se a constituição histórica da França e como seu povo se enxerga e enxerga os movimentos migratórios internos e externo, principalmente a visão francesa de migração advinda dos países subdesenvolvidos africanos e asiáticos, muitos deles excolônias de exploração do império francês. Essa análise parte do questionamento sobre o que é ser francês e quais são os critérios históricos e políticos que garantem que algo ou alguém se torne francês. Analisa-se também a constituição e importância dos prêmios literários para a comunidade leitora francesa e francófona. Dos prêmios e Academias literárias, destaca-se a Academia Goncourt, instituição centenária responsável por movimentar anualmente centenas de livrarias, editoras, escritores, professores, jornalistas, políticos e leitores ao redor das premiações de outono. Em 2106, as premiações de maior destaque alcançarem dois jovens escritores, Leïla Slimani e Gaël Faye. Slimani, escritora magrebina do Marrocos, recebeu o grande prêmio Goncourt por sua obra Chanson Douce (2016), que retrata a vida de pequena classe média francesa dos Massé, que contratam uma babá francesa tradicional que, após conquistar o carinho da família, assassina as duas crianças de quem cuida. Com narrativa em terceira pessoa, a obra perscruta o dia a dia da família e como o preconceito racial estrutural influenciou as decisões do casal Massé e como as demais babás do bairro, imigrantes em sua maioria, relacionavam-se. Faye, ganhador do prêmio Goncourt de estudantes do Ensino Médio francês, recebe o prêmio pelo seu primeiro livro Petit Pays (2016). Obra auto-ficcional, tem o olhar do narrador Gabriel, que narra com leveza e com a pureza do olhar da criança os acontecimentos que antecederam o massacre dos Tutsi em Ruanda. O massacre foi reconhecido como genocídio meses mais tarde de seu início, em 1994. Para analisar a importância e o históricos dos prêmios, será utilizado o extenso trabalho de Sylvie Ducas (2010, 2013, 2019). Para a análise sobre a literatura migrante em seus vários contextos, serão utilizados os estudos da professora Oana Sabo (2018). Para apresentar uma visão panorâmica da história migratória na França e dos conceitos envolvendo migração em todas as suas facetas, serão utilizados os trabalhos de Elen Declerq (2011), Bruno Dumézil (2017) e Priscila Fergusson (1991). Outros teóricos e estudiosos também serão acrescentados ao trabalho.
ABSTRACT: This thesis analyzes the historical constitution of France and how its people see themselves and see internal and external migratory movements, especially the French vision of migration coming from underdeveloped African and Asian countries, many of them former colonies of exploitation of the French empire. This analysis starts from the questioning about what it is to be French and what are the historical and political criteria that guarantee that something or someone becomes French. It also analyzes the constitution and importance of literary prizes for the French and French-speaking reading community. Among the literary awards and academies, the Goncourt Academy stands out, a century-old institution responsible for annually moving hundreds of bookstores, publishers, writers, professors, journalists, politicians and readers around the autumn awards. In 2106, the most outstanding awards went to two young writers, Leïla Slimani and Gaël Faye. Slimani, a Maghreb writer from Morocco, received the Goncourt Grand Prize for her work Chanson Douce (2016), which portrays the life of the small French middle class of the Massé, who hire a traditional French nanny who, after winning the affection of the family, murders the children. two children she takes care of. With a third-person narrative, the work examines the family's daily life and how structural racial prejudice influenced the decisions of the Massé couple and how the other nannies in the neighborhood, mostly immigrants, related to each other. Faye, winner of the Goncourt Prize for French High School Students, receives the award for her first book Petit Pays (2016). A self-fictional work, it has the look of the narrator Gabriel, who narrates the events that preceded the Tutsi massacre in Rwanda with lightness and with the purity of the child's gaze. The massacre was recognized as genocide months after its beginning, in 1994. To analyze the importance and history of the awards, the extensive work of Sylvie Ducas (2010, 2013, 2019). To analyze the migrant literature in its various contexts, the studies of professor Oana Sabo (2018) will be used. To present a panoramic view of the migratory history in France and the concepts involving migration in all its facets, the works of Elen Declerq (2011), Bruno Dumézil (2017) and Priscila Fergusson (1991) will be used. Other theorists and scholars will also be added to the work.
Redes Sociais