Uma interpretação kantiana dos campos de atuação social na BNCC – Ensino Médio: apontamentos sobre o ético, estético e o analítico no ensino da língua portuguesa

Deleprani, Felício Oscar (2021)

trabalho de conclusão de curso

RESUMO: Partindo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) sobre a necessidade do aprofundamento ético, estético e analítico nas práticas de ensino da Língua Portuguesa, este artigo procura dar a esses conceitos uma interpretação kantiana, a tomando por base as obras Crítica da Razão Pura (1781) e Crítica da Razão Prática (1788) e Críticas do Guizo (1790). Para isso, os conceitos filosóficos dessas obras são postos em diálogos com importantes pensadores da educação e da linguística, como é o caso de Paulo Freire e Noam Avram Chomsky, bem como, comparados às obras machadianas Memória Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba. O resultado a que se chega é que, no campo da “vida pessoal”, o conceito de ética proposta pela BNCC fica aquém daqueles pensados em por Kant e Freire. Ao tratar o conceito de “estética”, percebe-se que, ao se adotar o que propõe a filosofia kantiana, a concepção de espaço e tempo como elementos cognoscitivos humanos é fundamental para a produção literária, como ocorre nas obras machadianas. Por fim, ao abordar o conceito de analítica conforme ocorre na BNCC, foi estabelecido um diálogo entre Kant e Chomsky acerca dos conceitos de inatismo e apriorismo. Desse diálogo, infere-se que o conhecimento da língua portuguesa precisa levar em consideração não só a língua em si, mas as condições de possibilidade para a aprendizagem humana.