Slam : a poesia oral como signo de afirmação identitária e ressignificação histórica de mulheres negras

Pazinatto, Fabrícia Bittencourt (2021)

tese de doutorado

RESUMO: Propõe-se ampliar as discussões sobre os slams, eventos em que ocorrem competições de poesia falada que se firmam como espaços políticos e estéticos e que, no Brasil, desenvolveram-se nas periferias. Os textos performados nos slams são produções discursivas que se fortalecem como prática política e resistência cultural de mulheres negras. As slammers concebem a competição de poesia como uma possibilidade subversiva de, através da performance, construir identidades, romper os silêncios e assumir um espaço a elas negado historicamente. O corpus da pesquisa é constituído por textos produzidos por escritoras jovens, residentes na zona periférica de São Paulo e do Espírito Santo e pertencentes ao Slam das Minas e ao Slam Nísia, respectivamente. Os fundamentos que respaldam a pesquisa estão ancorados nos estudos do feminismo negro interseccional abordado pela brasileira Sueli Carneiro e pelas estadunidenses bell hooks, Patrícia Hill Collins e Angela Davis. Os sistemas discriminatórios foram analisados com base no conceito de interseccionalidade de raça, gênero de classe, defendido por Lélia Gonzalez e Kimberlé Crenshaw. A proposta para o estudo é uma pesquisa qualitativa, com base no método exploratório, uma vez que abrange, além do levantamento bibliográfico, entrevistas, pesquisa de campo e análise do corpus literário. Constata e defende que é de relevância, na esfera social e literária, fomentar a discussão em torno de novas epistemes, proporcionar visibilidade às poetas da periferia que, do lugar de subalternidade a que foram lançadas, rompem silêncios, descortinam invisibilidades históricas, ressignificam representações, resistem ao alinhamento político e forjam suas identidades e sua produção artística a partir de suas escrevivências em movimentos culturais como o slam.